Gosto de tanta coisa, nem por isso as tenho;
Gosto do mundo, mas ele não gosta de mim;
Gosto do sol, e sei que nunca o terei.
Seria mais feliz se o amor não existisse.
Amor por amar o abstrato, o impossível
Amar o amar, e não o que se ama.
Gostar mesmo gosta-se das coisas,
Roupas, carros, jóias, coisas possíveis.
Amar, só ama-se a vontade,
A vontade de ter em alguém o que se ama.
Gostar a gente gosta depois que conhece
Amar a gente ama antes.
Depois passa a vida tentando amar o que gosta.
É quando descobre que gosta de amar,
Mas o amor não é coisa
Sendo assim, não se pode gostá-lo;
Deve-se amá-lo,
Para não tê-lo.
Ou amar o impossível, para ser correspondido.
Na última hipótese, amar o gostar
E ter a amarga ilusão
Que a recíproca é verdadeira.
Aí é quando o sono vem,
Para esquecer-se de pensar,
Lembrar de amar
O sonho que te obriga a sonhá-lo.
No entanto, não amamos o sonho;
Amamos sonhar.
E como numa equação matemática...
Agora, sei que não amo você,
Amo te amar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário