quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mais um, menos um

Dormir para acordar antes. Antes de acordar. Acordar pra dentro.

E estar ali na nossa cobertura de palha, ali na beira mar. Onde dormimos ao pôr do sol. Aquele cheiro salgado, aquele clima de nada. Nada. Não para ler o poema, mas escutar a música. Que também não há.

Poderíamos também acordar de novo, sujar os pés, lavar na verdade. Lavar de areia e mar. Depois do banho de água convencional, deitar e ver a lua, até ela ir embora, sem dizer nenhuma palavra, ver o sol nascer, para então jogar fora as cobertas, e aquecer-se com o calor imaterial. Não levantar, só olhar, olhar, olhar. Abraçar não o corpo, abraçar a âmbar da manhã, olhar para o lado e saber que há você, sem compromisso, sem ouvir; falar; mentir; desejar.

E agora ficar aqui, “sentido saudade do que não foi. Lembrando até do que não vivi”.

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