quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mais um, menos um

Dormir para acordar antes. Antes de acordar. Acordar pra dentro.

E estar ali na nossa cobertura de palha, ali na beira mar. Onde dormimos ao pôr do sol. Aquele cheiro salgado, aquele clima de nada. Nada. Não para ler o poema, mas escutar a música. Que também não há.

Poderíamos também acordar de novo, sujar os pés, lavar na verdade. Lavar de areia e mar. Depois do banho de água convencional, deitar e ver a lua, até ela ir embora, sem dizer nenhuma palavra, ver o sol nascer, para então jogar fora as cobertas, e aquecer-se com o calor imaterial. Não levantar, só olhar, olhar, olhar. Abraçar não o corpo, abraçar a âmbar da manhã, olhar para o lado e saber que há você, sem compromisso, sem ouvir; falar; mentir; desejar.

E agora ficar aqui, “sentido saudade do que não foi. Lembrando até do que não vivi”.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Resolvido!

Gosto de tanta coisa, nem por isso as tenho;

Gosto do mundo, mas ele não gosta de mim;

Gosto do sol, e sei que nunca o terei.

Seria mais feliz se o amor não existisse.

Amor por amar o abstrato, o impossível

Amar o amar, e não o que se ama.

Gostar mesmo gosta-se das coisas,

Roupas, carros, jóias, coisas possíveis.

Amar, só ama-se a vontade,

A vontade de ter em alguém o que se ama.

Gostar a gente gosta depois que conhece

Amar a gente ama antes.

Depois passa a vida tentando amar o que gosta.

É quando descobre que gosta de amar,

Mas o amor não é coisa

Sendo assim, não se pode gostá-lo;

Deve-se amá-lo,

Para não tê-lo.

Ou amar o impossível, para ser correspondido.

Na última hipótese, amar o gostar

E ter a amarga ilusão

Que a recíproca é verdadeira.

Aí é quando o sono vem,

Para esquecer-se de pensar,

Lembrar de amar

O sonho que te obriga a sonhá-lo.

No entanto, não amamos o sonho;

Amamos sonhar.

E como numa equação matemática...

Agora, sei que não amo você,

Amo te amar.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Eu rumino, tu ruminas, ele rumina

Pobre de mim. Há vezes que penso e nem sei por que pensei. A gente sempre pensa sem saber que ta pensando, mas eu sei que penso, só não o porquê. Não descobri ainda, mas considero escrever o que pensa uma boa coisa. Pois é possível depois descobrir o motivo de pensar. Porém, quem não escrever, não lembrará o que pensou. Uma preocupação a menos.

Antes eu sabia a razão de pensar. Mas agora eu leio poemas. Leio não, ler deveria ser só para placas. Para poemas, contos e livros, deveria existir outra palavra. Ler é muito mais que ler. Agora eu aprecio as flores, não tão de perto – claro. Gosto também dos romances românticos, e de sonhar com Paris.

Na verdade, viajar nos meus pensamentos e repetir palavras é uma das coisas que mais gosto, depois de chorar. É, gosto mesmo. Sem remorso, se faço porque gosto, sou feliz fazendo, mesmo que não pareça. E ainda, digo que não sei a causa de pensar isso, afinal, possivelmente, não pense o que estou sentindo, e nem sinta o que estou pensando.

Findo então essa sequência de palavras sem uma brilhante frase, já que não tive justificativa para começar, não a tenho para concluir. Contudo, prometo que quando achar a resposta, disso que não é um pergunta, contar-hei a todos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nem títulos aos coitadinhos

A cada dia percebo que estava engana com vocês. Perdoem-me. Tão feios e sem graças, tortos, nenhum charme. Agora, pensando bem, são quem me carrega. São, quando os deixo livres a minha marca no chão.

Menosprezados, óh, pezinhos, são vocês me que carregam o dia todo.

Obrigada.