terça-feira, 8 de novembro de 2011

Notas sobre o inexistente

Nem opostos, nem dispostos. A verdade é que ninguém se atrai. Pois, se assim fosse, as pessoas lutariam para ficar longe, e não para ter alguém perto. O máximo que pode acontecer, é distração, mas agora com o Facebook, nem para isso as pessoas servem.

Além de tudo, se dividirmos as pessoas em iguais e diferentes, é claro que alguém igual, procura outro igual. E por sua vez, os diferentes buscam diferentes. Mesmo que ninguém saiba disso. Particularmente, nunca vi em um currículo amoroso “sou igual a todas as outras”, e completamente diferente, também ninguém é.

É melhor observar, de longe, para não ser contagiado.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mais um, menos um

Dormir para acordar antes. Antes de acordar. Acordar pra dentro.

E estar ali na nossa cobertura de palha, ali na beira mar. Onde dormimos ao pôr do sol. Aquele cheiro salgado, aquele clima de nada. Nada. Não para ler o poema, mas escutar a música. Que também não há.

Poderíamos também acordar de novo, sujar os pés, lavar na verdade. Lavar de areia e mar. Depois do banho de água convencional, deitar e ver a lua, até ela ir embora, sem dizer nenhuma palavra, ver o sol nascer, para então jogar fora as cobertas, e aquecer-se com o calor imaterial. Não levantar, só olhar, olhar, olhar. Abraçar não o corpo, abraçar a âmbar da manhã, olhar para o lado e saber que há você, sem compromisso, sem ouvir; falar; mentir; desejar.

E agora ficar aqui, “sentido saudade do que não foi. Lembrando até do que não vivi”.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Resolvido!

Gosto de tanta coisa, nem por isso as tenho;

Gosto do mundo, mas ele não gosta de mim;

Gosto do sol, e sei que nunca o terei.

Seria mais feliz se o amor não existisse.

Amor por amar o abstrato, o impossível

Amar o amar, e não o que se ama.

Gostar mesmo gosta-se das coisas,

Roupas, carros, jóias, coisas possíveis.

Amar, só ama-se a vontade,

A vontade de ter em alguém o que se ama.

Gostar a gente gosta depois que conhece

Amar a gente ama antes.

Depois passa a vida tentando amar o que gosta.

É quando descobre que gosta de amar,

Mas o amor não é coisa

Sendo assim, não se pode gostá-lo;

Deve-se amá-lo,

Para não tê-lo.

Ou amar o impossível, para ser correspondido.

Na última hipótese, amar o gostar

E ter a amarga ilusão

Que a recíproca é verdadeira.

Aí é quando o sono vem,

Para esquecer-se de pensar,

Lembrar de amar

O sonho que te obriga a sonhá-lo.

No entanto, não amamos o sonho;

Amamos sonhar.

E como numa equação matemática...

Agora, sei que não amo você,

Amo te amar.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Eu rumino, tu ruminas, ele rumina

Pobre de mim. Há vezes que penso e nem sei por que pensei. A gente sempre pensa sem saber que ta pensando, mas eu sei que penso, só não o porquê. Não descobri ainda, mas considero escrever o que pensa uma boa coisa. Pois é possível depois descobrir o motivo de pensar. Porém, quem não escrever, não lembrará o que pensou. Uma preocupação a menos.

Antes eu sabia a razão de pensar. Mas agora eu leio poemas. Leio não, ler deveria ser só para placas. Para poemas, contos e livros, deveria existir outra palavra. Ler é muito mais que ler. Agora eu aprecio as flores, não tão de perto – claro. Gosto também dos romances românticos, e de sonhar com Paris.

Na verdade, viajar nos meus pensamentos e repetir palavras é uma das coisas que mais gosto, depois de chorar. É, gosto mesmo. Sem remorso, se faço porque gosto, sou feliz fazendo, mesmo que não pareça. E ainda, digo que não sei a causa de pensar isso, afinal, possivelmente, não pense o que estou sentindo, e nem sinta o que estou pensando.

Findo então essa sequência de palavras sem uma brilhante frase, já que não tive justificativa para começar, não a tenho para concluir. Contudo, prometo que quando achar a resposta, disso que não é um pergunta, contar-hei a todos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nem títulos aos coitadinhos

A cada dia percebo que estava engana com vocês. Perdoem-me. Tão feios e sem graças, tortos, nenhum charme. Agora, pensando bem, são quem me carrega. São, quando os deixo livres a minha marca no chão.

Menosprezados, óh, pezinhos, são vocês me que carregam o dia todo.

Obrigada.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

No Escuro

Na noite sombria

A menina vazia

Rolava na cama,

Pensando na prosa

Que não pode rimar

Pensando nas coisas que não pode amar

Pensando nas palavras que não pode repetir

Pensando na métrica que não sabe seguir,

Pensando no poema que não a deixa dormir.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mais um

Dormiu. Cama, cobertas, travesseiro. Acordou: vento, areia, maresia.

Sol nascendo. Há alguns metros havia uma canoa caindo aos pedaços. Coisa estranha de se fazer, mas entrou na canoa e remou. Encontrou algumas ilhas, que coisa estranha: uma casa. Havia tudo que numa casa normal, com adição de algumas teias de aranha. Uma placa dizia para não fazer brigadeiro. Volta para chamar a namorada – afinal ela merece conhecer. O monte de fungos já não está mais lá, o mar levou. Tenta nadar até outra ilha. Não dá. Volta, acha uma feira, ou uma ex-feira. Não há mais nada, já está escuro. O único que o acompanha é o medo. Corrida sem fim. Pés descalços cansados. Caiu.

Acordou, estava em seu quarto, acordando novamente.