quinta-feira, 29 de julho de 2010

O valor das coisas

Todo dia faço a mesma coisa, acordo as 6:30, vou para o colégio, almoço no centro, vou para o outro colégio, volto pra casa. E é sempre assim, automático há coisas no caminho que às vezes me pergunto “isso sempre esteve aqui?”. Não sei se é meu jeito de ser distraída, um pouco fechada, ou por simples rotina eu não costumo observar o que está a minha volta, uma grande pena, pois há tanto para ver por aí.

Até que um dia isso foi diferente, por um instante olhei um pouco pra esquerda e vi uma família, mãe e duas crianças. Estas pareciam moradoras de rua, julgo pelas condições em que se encontravam. Eu nunca vi algo parecido, e realmente aquilo me tocou. Elas andavam devagar e as crianças olhavam algo que a mãe segurava, era algo vermelho não conseguia identificar, quando vi era uma caixinha de batata frita - de fast food – e confesso que a primeira vista parecia uma coisa muito fútil (gastar com batatas fritas?). Mas comecei a andar lentamente porque queria ver aquilo. E as crianças, ah como elas olhavam fixamente aquilo, como se vislumbrassem, alguma super preciosidade (o que para elas não deixava de ser), não sei contar como elas olhavam, era algo incrível. E a mãe foi abrindo e elas só faltavam pular de alegria, a mãe estava toda cuidadosa talvez para distribuir igualmente as batatas. Aí elas pararam, e eu gostaria, mas não parei. Continuei meu caminho. Eu não sei se ela comprou, ganhou, mas senti alegria junto com as crianças e ao mesmo tempo certo remorso.

Pode não parecer tocante estilo “Titanic” que todos choram no fim, mas é algo que me fez refletir. Batatas fritas poxa, é tão banal às vezes, ultimamente elas acompanham qualquer coisa que você compre. Lógico, que para eles a vida é outra é um mundo quase paralelo. Isso foi tão bonito, foi tão, tão, tão... Que não sei descrever. Isso me fez pensar que deveríamos dar MUITO mais valor ao que temos. Nem que seja a bala que comemos todos os dias, porque custam apenas 10 centavos; o travesseiro que dormimos; o teto que nos cobre todas as noites; água limpa para beber e tomar banho; tudo. Ver o que está do teu lado pode parecer inútil, mas se temos olhos devemos usá-los. Quantas pessoas reclamam porque nunca comeram em um restaurante francês, e quantas sonham em comer batatas fritas?

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